“Explicação Estratificada e a Concepção da História em Marx”, por Andrew Collier

Tradução de ensaio presente no livro Scientific Realism and Socialist Thought de Andrew Collier e na coleção de ensaios Critical Realism: Essential Readings, de Roy Bhaskar (org.).

Ao teorizar a relação entre avanços científicos revolucionários e as filosofias que elas deram origem, Althusser usa a metáfora dos continentes teóricos. “antes de Marx, apenas dois continentes tinham sido abertos ao conhecimento científico através de cortes epistemológicos continuados: o continente da matemática com os gregos (através de Tales ou quem quer que tenha recebido esse nome mítico) e o continente da física (através de Galileu e seus sucessores)” (Lenin and Philosophy [LP], p. 42). Althusser segue localizando a química e a biologia, que atingiram seus “cortes epistemológicos” com Lavoisier e com Darwin e Mendel, dentro do continente da física. Marx é creditado com a abertura de um terceiro continente – o da história; e é ‘provável’ que Freud tenha descoberto outro. Concedamos (por enquanto, ao menos) a importância incomparável e inovação das descobertas listadas como continente, e também a ideia de um atraso filosófico. Resta saber se essa metáfora dos continentes pode ser levada mais longe. Althusser já o fez, ao chamar as várias ciências naturais de regiões da física (loc. cit.): elas provavelmente estão próximas umas das outras como a Normandia e a Bretanha, partes de uma mesma massa de terra, distintas por razões históricas e culturais; mas sem fronteiras em comum, ou rotas terrestres para outros continentes. Essa metáfora, assim estendida, sugere várias noções questionáveis.

https://i.redd.it/3kvxkl220t501.jpg
Ilustração do início do século XX representando a sociedade capitalista em seus estratos de classe.

Deixe um comentário